domingo, 3 de junho de 2012

A história que não foi contada

O meu nome é o que menos importa, visto que quanto menos souberem o meu nome, igual número de pessoas a menos haverá para me condenar. Minha história é clichê, portanto não perderei muito tempo contando cada mínimo detalhe sobre ela. Será preciso um mero início de conversa para fazer-lhes prever tudo, tal como um experiente jogador de xadrez. Porém o real motivo de estar aqui é o de lhes contar sobre aquele dia.

Dias antes dele, estava eu com meu melhor amigo fazendo que sabíamos de melhor e o que vivemos fazendo desde que nascemos. Roubar!
Não me levem a mau. Não é uma vida que se almeja para si, mas quem hoje em dia não vive preso a uma situação que gostaria de sair e dada as circunstâncias não consegue? Quem as vezes não é consumido pelos seus próprios erros, e os repete mesmo sabendo o certo? Talvez não sejam ladrão como eu e meu amigo, no entanto, iguais cativos de um mau.

Como havia falado no início, iremos preservas os nomes, então chamarei meu amigo de "Thipos" para não constrange-lo. Thipos não era dos melhores amigos que poderia desejar-se, vivia resmungando de tudo, do calor, da areia, do vento, de mim.... rsrsrsrs... principalmente quando comentava sobre o tal de quem todos falam. O homem que fazia milagres e maravilhas. Já o ví ao longe. Bom, na verdade, o que vi foi uma tremenda multidão em torno dele. Ou pelo menos diziam ser ele. Thipos quando viu a multidão pegou em meu braço e me arrastando dizia que era uma ótima oportunidade de faturarmos algo, pois todos estariam distraídos com o chamado "Elias reencarnado". Resisti bravamente aos seus apertões e empurrão, quando me deu uma folga o fiz observar a multidão com cautela, pois todos eram tão necessitados quanto nós. Não haviam nobres, nem se quer pessoas bem vestidas. Eram apenas pessoas doentes, simples, deveriam até ter ladrão como nós ali no meio, querendo ver o Mestre. Logo ele desencanou e fomos a procura de outra coisa.

Em mais um dia de trabalho, algo deu errado e fomos pegos. Nos levaram para a prisão, pelo visto não eramos tão anônimos como pensávamos que fossemos. Nossos crimes foram colocados, ou melhor, jogados e nossas frontes. A pena? CRUZ!!!

Nunca fiquei tão apavorado na vida. Thipos praguejava a todos os guardas que passavam, aclamando veementemente por sua inocência e jurando que tudo aquilo eram um engano. Confesso que o invejava. Queria eu também poder mergulhar em um mundo ao qual nada do que fiz acontecera. Porém o peso da culpa calou meus lábios.

Finalmente o Grande dia chegou. Meu destino em breves instantes estaria selado. Meu começo, meio e fim se fechariam em um brilhante circulo de dor, arrependimento e sangue. Mas esperem!!! Quanta gente está ai. Por mim? Por nós? Não. Por Ele. Sim!! O de que todos falavam.... Elias, João batista, Cristo... Jesus. Estava como nós. Estava conosco. Mas porque?


A dor dos cravos foi tremenda. Meu corpo amostra a uma grande platéia, e eu como parte de um mero cenário, figurante de um horrendo espetáculo, que tinha até título. Uma placa escrita várias frases, só consegui entender a ultima que dizia: "ESTE É O REI DOS JUDEUS."

E como que não bastasse a dor de tudo aquilo e das frases terríveis que diziam, não a mim, que me seriam por justiça, mas ao que só bem fez, ao que levou uma vida que só nos meus mais belos sonhos poderia alcançar, Thipos abre sua boca e diz:  "Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós." Repreendi-o dizendo: "Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez." Me virei para Jesus, e vi em meio ao caus da minha vida, não um homem morrendo como eu, mas a libertação  que tanto esperava, e bateu em mim um esperança que não pode conter e disse a Ele: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino." E Ele me disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso."

Senti minhas cadeia se quebrando, uma paz me invadindo, e ali, desfaleci.

Anna Caroline Inácio Viana